quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A história do bacalhau

Em 2008 estreei meu snipe ''Bacalhau'' nas águas do canal de Itaparica. Com ele velejava quase todas as tardes após o trabalho. Muitas vezes entrava na noite velejando.
Meu destino predileto era a Fonte do Tororó, uma fonte natural de água doce na beira do mar. Muitas vezes não tinha ninguém lá. Outras vezes havia um ou outro veleiro oceânico, e despertava em mim o desejo de um dia velejar mar afora.
Um dos poucos lugares do mundo onde os bois dividem o cenário com os barcos, rsrs.
Nos últimos meses do ano eu fiz uma reforma no Bacalhau no quintal de casa. Reforcei o convés que estava um pouco podre e fiz uma pintura geral. Nessa foto acima é possivel ver o Barbaii, catamarã construído por mim no qual morei alguns meses. Nessa época o Barbaii estava sendo desmontado e o Bacalhau estava no começo da sua história.
Últimos ajustes no Baca antes da primeira navegada depois da reforma. Note um típico ajudante baiano dando duro sentado no convés.
Eu não sabia, mas em Janeiro o prefeito da cidade mudou e eu fui demitido. O Barbaii estava completamente desmontado e a ideia era afundá-lo próximo a ponte do Funil e fazer dele um pesqueiro e um ponto para um mergulho futuro. É ideia de louco mesmo. Após construir, batizar, e morar em um barco, afundá-lo para eternizá-lo. Mas o desemprego apressou a minha saída e vendi o barbaii para um pescador local por mil reais.  Até hoje meus olho procuram meu velho barco quando eu ando naquela região.
Que veleirinho é aquele na areia da Primeira praia do Morro de São Paulo?
Começou a minha aventura. Passei o Reveillon em companhia do Bacalhau e nos primeiros dias do ano saí velejando rumo ao sul. Minha ideia era arrumar emprego em alguma cidade do litoral. Estava ansioso pelo meu destino. No Morro de São Paulo: não há vagas para médico.
Continuando a viagem por trás da Ilha de Tinharé, passamos por Cairu, Canavieirinhas, Barra dos Carvalhos. Em cada lugar dormíamos acampados ou em pousadas quando elas existiam. Não havia vaga para médico.Essa foto é em uma dos bares flutuantes de Canavieirinhas.




Encarei mais um trecho de alto mar e entrei na baía de Camamu, passando por fora da Ilha de Quiepe, onde os grandes barcos passam. Dentro da Baía de Camamu atraquei no cais do Sítio Sabiá, pedi dormida e no outro dia fui a cidade de Camamu para pedir emprego. ''Conte sua história, rapaz'' Foram as palavras do secretário de saúde. Quando falei que estava de veleiro viajando de cidade em cidade a procura de emprego o Dr ficou surpreso e me perguntou qual o tamanho do meu veleiro. ''É um snipe''. Dr Bernardo coloca os dois braços pra cima e diz: ''Puta que pariu''. Ao ver várias tatuagens em seus braços eu pensei: ''Cheguei em meu destino''. ''Vc aceitaria trabalhar na Ilha Grande?'' Era o lugar do mundo onde eu sempre quis trabalhar. E foi até hoje onde eu mai gostei de trabalhar.
Em Camamu fizemos um bom trabalho, e muitos amigos.
Fim de semana em Barra Grande com ''bicudo'', nosso cachorrinho velejador.
Velejada de fim de tarde com Daiah.
Em 3 anos veio o nosso barco definitivo e o bacalhau ''sobrou''. Não tínhamos mais tempo para ele e ele ficou meio abandonado. Velejei poucas vezes no baca após a chegada do Leoa. Ele ficou assim:
Mas com tanta energia a bordo do Bacalhau resolvi trazê-lo comigo e arrumei um emprego de bote de apoio do Leoa. para isso o Baca precisava passar por uma boa reforma. Levei o barquinho para a Chapada e olha a loucura:







Todo o convés de madeira foi substituído por fibra de vidro, com multiplicação do número de assentos. Tive que cortar o baca no meio para poder colocá-lo no convés do Leoa e quando colocamos ele na água é preciso usar uns grampos para unir as duas partes. Essa emenda ainda é um ponto crítico e apresentou-se frágil nos primeiros testes em noronha. Mas o que não dá certo eu conserto, e ainda vamos fazer as melhorias que faltam para termos o velho bacalhau na ativa e velejando nos portos por onde o leoa passar.
Esse é o bacalhau no porto de Santo Antônio em Fernando de Noronha, com a minha galera. Muita coisa junta e misturada. Muita história pra contar!

2 comentários:

  1. Cara, quehistória bacana. Por onde anda agora?
    Sou de Salvador e ando muito pelos lados de Itaparica.

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  2. Show, muito bacana a história e posso dizer que vocês são pessoas maravilhosas e que no mesmo tempo que acharam guarida em Camamu colaboraram em muito coma saúde da comunidade, tanto na Ilha Grande como na Unidade mista na sede do município, e com certeza deixaram saudades.

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